MINHA AMADA PEDREIRAS
Orgulhosamente nasci em Pedreiras e a minha infância e adolescência foram lá. Nunca postulei, como político, ser prefeito dela, mas muito sofri com tantas administrações que passaram. Não tenho o intuito de jogar pedra em nenhum ex-prefeito, muitos dos quais meus amigos, porém, se olho para o passado, há um, aos meus olhos, inigualável: Vicente Benigno.
Um boticário que, por anos, foi um médico para todos nós e fez por Pedreiras, principalmente em saneamento (nessa época não havia essa palavra) e infraestrutura, uma obra que persiste até hoje.
Na quarta fui a Pedreiras, na véspera do seu aniversário, participar do Festival Pau&Cordas, festival de música popular da cidade, na qualidade de presidente do júri do citado festival. Esse festival estava desativado, desde 2011. Algumas impressões, dessa viagem, disponho-me a dar.
Primeiro, o festival. Participação de artistas de todo Maranhão, com um nível musical excelente, letras belíssimas e apresentações marcantes. A dificuldade ficou na conta de nós, jurados, para encontrarmos 3 melhores, entre 15 boas demais. Encontramos. Antes que me esqueça, o júri foi composto por mim, Eliseu Cardoso, Ana Rosália, Célia Sampaio e Celso Brandão. Observe-se que foram 47 músicas inscritas e selecionadas 15.
Segundo, foi conhecer a nova administração da cidade. O prefeito Antonio França, o vice Everson Veloso, o vereador Gard Furtado, a secretária de Cultura e Turismo Francinete Braga, a primeira-dama Alessandra França e o amigo e irmão, médico espetacular, Alan Roberto, secretário de Articulação Política.
O slogan dessa administração é interessante: honra e trabalho. Duas palavras que representam qualidades em falta, em muitas prateleiras administrativas do Brasil. Pelo que conversei com muita gente, o slogan administrativo da cidade se torna realidade a cada dia da nova administração.
Não conhecia o senhor prefeito e, como jornalista, aproveitei um momento de conversa informal, para prescrutar o que esse jovem administrador propunha para a sua cidade, minha cidade. Como a conversa não foi longa, posso até estar errado no que vou afirmar. Caso descubra algum engano de minha parte, comprometo-me a fazer a correção nesse mesmo espaço.
Trata-se de um jovem político, com experiência legislativa, somente. Pareceu-me um bom cidadão e muito trabalhador. Senti o apreço do povo com ele, talvez porque, depois de tantos desmandos, ele represente uma tábua de salvação para seu povo. A sua proposta é não repetir os erros do passado. Caso não repita, já estará acertando. E muito.
As propostas apontam para a reformulação da saúde, educação, reconstrução da cidade e transformar Pedreiras no polo artístico, cultural, turístico e econômico do Médio Mearim. Pelo sucesso do festival, poderia dizer que ele terá êxito e o que posso fazer, como pedreirense, é ficar a disposição de minha cidade, para o que der e vier e se posso mandar um recado para alguém, o mando para o governador Flavio Dino: senhor governador, nos últimos tempos, a terra de João do Vale chora tanto, que nem canta mais um simples Pisa na Fulô – ajude Pedreiras!
Finalmente, um carinhoso abraço para o meu amigo-irmão Paulo Pirata, diretor musical do festival. O Paulo Pirata é um dos mais talentosos artistas que conheci em minha longa carreira. Está tendo a oportunidade de mostrar seu talento administrativo, na administração do prefeito Antonio França. Ponto para o prefeito, sim, ponto para Paulo Pirata, também, mas ponto maior para Pedreiras.
FAST NEWS:
nessa viagem fiz uma visita especial para um pedreirense chamado Francisco Almeida, conhecido por todos como Chico Músico. Está com mais de oitenta anos e desprovido da visão, mas com ouvidos, inteligência e memória prodigiosas.
A minha primeira infância foi dentro das Assembleias de Deus e aos 4 anos me alfabetizei lendo a Bíblia. Devorei-a toda. Aos 10 anos, depois de ficar aporrinhando os músicos da banda da igreja, iniciei-me com o trompete, junto com dois colegas. Aí estabeleceu-se a diferença.
Irmão Chico passava uma lição hoje e enquanto os meus colegas demoravam uma semana para voltar, no outro dia eu já voltava, pedindo mais uma tarefa. Resultado, com dois meses estava sendo trompetista da banda. Mas tinha o coral.
Irmão Chico, vendo o meu interesse, um dia me disse: João, eu queria que tu me ajudasse no coral, ensinando o contralto. Lá fui eu. Depois eu já ensinava o tenor, e ficando mais saliente, ensaiava com todas as vozes. Tinha uns doze anos, até que um dia, irmão Chico fez-me sentir o maior menino do mundo: João, hoje vais reger o coral. Fui. Deu certo. Na minha vida já não tenho memória para tantas vezes que regi coros e garanto-vos que estou projetando a minha volta para a atividade coral.
Esse remember é uma homenagem a esse homem, Chico Músico, que formou centenas de músicos e mudou a vida de tantos. Quando digo mudou a vida é porque mudou a minha. Tenho muitas formações profissionais, mas se não fosse músico, seria um incompleto. A música foi a minha primeira formação e será, sem dúvida, a última.
Vivas dou, nesse momento, ao meu maestro Francisco Almeida, o amado Chico Músico.